sábado, 25 de outubro de 2014

DO JORNAL O POVO - BLOG ELIOMAR DE LIMA

O desafio de uma sociedade dividida

Em artigo no O POVO deste sábado (25), o jornalista Luiz Henrique Campos comenta da rivalidade entre brasileiros, diante da ideologia política. Confira:
Independente de quem vença a eleição presidencial neste domingo (25), o próximo ou a próxima presidente terá um desafio gigantesco que extrapola a questão econômica, tão alardeada como o principal problema a ser enfrentado em 2015. O país, após uma campanha cheia de surpresas, sai desse processo cindindo e não será tarefa simples tentar recompor relações que se esgarçaram durante o caminho. Antes de Lula chegar ao poder, em 2003, vivíamos uma situação parecida, mas que de certa forma, foi amenizada com o simbolismo da vitória de um operário para dirigir os destinos da nação. Acreditei que Lula poderia vir a ser uma figura capaz de tirar das cabeças pensantes do Brasil, o ar da eterna disputa dualista entre o bem e o mal que sempre caracterizou a discussão dos grandes debates nacionais. Vivíamos um tempo em que os que não estavam do mesmo lado eram tachados de retrógrados, enquanto os que pensavam de maneira igual eram os bons. O Governo Lula deixou um legado importante em termos de avanços sociais para a sociedade brasileira. Os números revelam isso. A maior transformação, porém, que seria qualificar a discussão sobre o país, infelizmente, não se deu na mesma proporção dos ganhos de renda e ascensão social.
O que estamos acompanhando hoje, portanto, na disputa eleitoral que amanhã se encerra, é na verdade o aprofundamento de uma anomalia cultural que a sociedade brasileira ainda levará tempo para corrigir. Resquícios de uma formação patrimonialista, somos um povo que não consegue entender as diferenças como elementos necessários para o fortalecimento de sua própria unidade. A sociedade brasileira deu provas nesse tenso período eleitoral, de que está anos luz de se compreender como um povo rico, justamente por ser diverso.
O debate que opõe norte x sul, ricos x pobres, pretos x brancos, é a mais pura constatação do quanto precisamos nos conhecer como nação. De todo modo, não condeno, nem acho que perdemos tempo por conta do processo eleitoral. A virulência da disputa faz parte de um processo de amadurecimento que não se dá do dia para a noite. Processo no qual não podem ser descartados traumas e feridas abertas, mas que é necessário.

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