EDITORIAL 23/07/2015 "TATUZÕES" SIMBOLIZAM EQUÍVOCO
ADMINISTRATIVO
Os equipamentos nunca foram montados,
correndo sério risco de ficarem imprestáveis
Reportagem da edição de ontem do
O POVO comprova o que os cidadãos já poderiam perceber a olhos nus ao
transitar, por exemplo, pelo trecho da avenida Santos Dumont próximo ao Colégio
Militar de Fortaleza: obras paralisadas da linha leste do metrô.
“Paralisadas, com estruturas enferrujadas
e entulhos acumulados. É a atual situação das obras da Linha Leste do Metrô de
Fortaleza (Metrofor). E de acordo com a Secretaria da Infraestrutura do Estado
(Seinfra), não há previsão para a retomada dos trabalhos. As linhas Sul e Oeste
também têm obras inacabadas”, aponta a reportagem assinada pelo jornalista Igor
Cavalcante.
Sabe-se que o problema é de
financiamento. A linha leste é parte do Programa “Mobilidade Grandes Cidades”,
do Governo Federal, que havia prometido R$ 2 bilhões para o projeto (R$ 1
bilhão do Orçamento da União e R$ 1 bilhão financiado pela CEF). A
contrapartida do Governo do Ceará é de R$ 1,034 bilhão.
Restou evidente que o Ceará não tem esse
bilhão para a obra, como também a parte que caberia à União foi sacrificada
pela tesoura do Ministério da Fazenda. Sendo assim, não há como dar sequência à
obra, cujo início nem sequer superou a fase de instalação do canteiro.
A única ação que avançou foi a
questionável compra das quatro tuneladoras (os tatuzões) de um fabricante
norte-americano com linha de montagem na China. Valor: R$ 128 milhões
regiamente pagos pelo contribuinte. Brasil afora, esse equipamento costuma
ficar sob a responsabilidade da construtora responsável pela obra, com custo
embutido na licitação.
É a forma de evitar riscos
desnecessários para o Estado, que, em casos de paralisações não ficará com essa
caríssima maçaroca de aço encostada. Montada, a tuneladora adquirida tem 125
metros de extensão, com cerca de 740 toneladas. É evidente que os equipamentos
nunca foram montados, correndo sério risco de ficarem imprestáveis pela falta
de uso.
Não seria exagero sugerir que o Governo
do Ceará coloque os quatro tatuzões à venda. Seria, talvez, uma forma de diminuir
o prejuízo até aqui verificado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário